Discos para história: Is This It, dos Strokes (2001)


A 30ª edição do Discos para história fala da primeira banda a fazer grande sucesso no início do século 21. Com Is This It, os Strokes mostraram ao mercado que o rock ainda poderia produzir uma grande novidade para o público jovem.

História do disco
Assim como muitos garotos em meados dos anos 1990, os Strokes começaram a banda ainda na escola, precisamente com o vocalista Julian Casablancas, o guitarrista Nick Valensi e o baterista Fabrizio Moretti. Amigo de Casablancas de longa data, o baixista Nikolai Fraiture foi apresentado e introduzido ao grupo. Por fim, enquanto estava em férias na Suíça, Julian conheceu o guitarrista Albert Hammond Jr., com quem viria dividir apartamento em Nova Iorque logo em que se matriculou na Tisch School of the Arts.

A entrada do vocalista na Universidade de Arte acabou ajudando no desenvolvimento dele como compositor graças ao contato com ótimos professores e conhecendo a fundo grandes autores. O que também o ajudou a melhorar foi o convívio com Hammond Jr., que, assim como Julian – filho de John Casablancas, descobridor de várias modelos pelo mundo –, vinha de uma família muito rica e com condições de dar o melhor da educação ao filho.


Começando com shows pequenos no circuito nova-iorquino no início dos anos 2000 e já mostrava força ao apresentar canções inéditas, como “Last Nite” e “The Modern Age” que viriam a compor o primeiro EP lançado pela gravadora inglesa Rough Trade. Bem conhecida, a Rough Trade havia passado por uma reformulação interna nos últimos meses e estava apostando em novos nomes – mesmo que esse novo nome fosse um grupo de jovens ricos fazendo música.

A popularidade dos Strokes subiu quando a revista inglesa NME (New Music Express) fez uma resenha de The Modern Age EP, primeiro trabalho de estúdio da banda. Além disso, no site da revista foi possível baixar o primeiro single “Last Nite”, catapultando a banda ao estrelado inesperado na Inglaterra, alguns milhares de quilômetros longe dos Estados Unidos. Então começou a corrida de várias gravadoras para ter a grande novidade do ano no line-up. A concorrência acabou sendo vencida pela RCA, que firmou contrato com eles ainda em 2001 e prometia um disco para o verão americano.

No início das gravações de Is This It, os Strokes tiveram o produtor Gil Norton no comando, mas os resultados não agradaram aos então garotos. Após mostrar a insatisfação, eles pediram a RCA que contratasse Gordon Raphael que assinou a produção do EP anterior ao primeiro álbum de estúdio. Pedido feito, pedido atendido.

Uma reunião preliminar foi feita, e Casablancas e Hammond apresentaram o material que haviam trabalhado durante algumas semanas em casa. Feito isso, eles foram ao estúdio e começaram a gravar, muitas vezes finalizavam uma música em apenas um dia – algo impressionante para uma banda novata. Mas quando os principais diretores da gravadora ouviram a primeira parte material, eles anunciaram descontentamento com “essa banda que não parece profissional”. Então foi a vez de Casablancas dar o ar da graça e apresentar o restante, deixando todos mais tranquilos com relação à projeção dos Strokes.

A capa do trabalho nada mais é que a foto da namorada do fotografo Colin Lane nua após o banho. A ideia da imagem não tem nada de inspirador: ele simplesmente pediu para ela colocar a luva e fazer a pose mais sexy possível. Já a versão americana foi colocada no mercado pelo receio da patrulha da moral e dos bons costumes em vetar a ideia original.

Lançado em diferentes datas nos principais mercados, Is This It conseguiu chegar ao top-3 na Inglaterra na primeira semana de vendas, mas apenas na 33º posição nos Estados Unidos. Mas o mercado americano absorveria melhor o álbum nas semanas seguintes, e eles conseguiriam vender 20 mil cópias por semana entre o início de outubro de 2001 e o final de janeiro de 2002, alçando a banda ao posto de melhor daquele ano.


Resenha de Is This It

Abrindo os trabalhos temos a canção que dá nome ao álbum, uma balada bem lenta sem muitos segredos e mostrando uma banda bem entrosada. Em “The Modern Age” vemos o que seria uma das principais marcas da banda: o riff de guitarra, sendo quase impossível não distinguir as canções dos Strokes de qualquer outro grupo. A faixa dá nome ao primeiro EP, e foi regravada para entrar em Is This It.

“Soma” é rápida, bem ritmada e é muito simples, lembrando um pouco o que fazia a cena nova-iorquina dos anos 1970. Uma das canções mais legais da história da banda, “Barely Legal” é a segunda em que a voz de Julian ganha uma ‘tunada’ – aqui também temos outro ótimo riff, fora que o conjunto todo é muito bom.



Tocada em muitas baladas indies, a dançante “Someday” é um excelente rocabilly com guitarras em alto volume, indo de oposição a “Alone Together”, mais lenta em que Casblancas canta I am with you/ Now I've got to explain/ Things, they have changed/ In such a permanent way/ Life seems unreal/ Can we go back to your place?/ You drink too much/ Makes me drink just the same.

Depois vem o maior sucesso da banda: “Last Nite” tocou incessantemente durante toda juventude de qualquer garoto entre 11 e 17 anos no início dos anos 2000. Com a MTV vivendo sua segunda fase e rejuvenescendo sua audiência, essa faixa era sempre vista no Disk MTV e em outros programas da casa. E era impossível não ficar apaixonado por “Last Nite”. Ela tem tudo que qualquer iniciante em rock pode gostar: um solo de guitarra, uma linha continua na bateria e a voz de bêbado de Julian mostrando que qualquer um pode ter uma banda enquanto tem aquela decepção amorosa.



“Hard To Explain” tem uma aura futurista na bateria eletrônica e é cheia de elementos de estúdio, já “New York City Cops” é pesada, bem animada e tira um sarro da polícia de Nova Iorque. Caminhando para a parte final, eles mostram o lado melancólico em “Trying Your Luck”, na única faixa que mostra o lado mais suave. Última canção, “Take It or Leave It” finaliza o disco de maneira brilhante ao dar destaque merecido ao solo de guitarra.

No início dos anos 2000, as guitarras estavam sumidas das paradas de sucesso, então dominadas pela música pop e pasteurizada de moças de vozes tunadas e boy bands ridículas. A chegada dos Strokes ao mercado agradou por eles misturarem todo tipo de influência da Costa Leste, desde Velvet Underground até o Television, e isso gerou o primeiro grande boom em uma banda no século 21 e como foi interessante ver alguém retratando problemas comuns de maneira inteligente, irônica e com um pouco de humor – tudo isso usando elementos do rock. É, certamente, um dos álbuns para importantes dos anos 2000 e essencial para entender o jovem dessa década.



Veja também:
Discos para história: Hot Rats, de Frank Zappa (1969)
Discos para história: Clube da Esquina, de Milton Nascimento e Lô Borges (1972)
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