O adeus ao Who


Recentemente, os membros ainda vivos da formação original do Who anunciaram que a banda encerra suas atividades de vez em 2015 ao final da mais uma turnê mundial. Desta vez, segundo Roger Daltrey e Pete Townshend, o show da banda “passará por países que nunca fomos”. Ou seja, o Brasil é sério candidato a ser um dos últimos palcos de uma das grandes bandas inglesas de todos os tempos.

Durante os anos 1960 e 1970, o Who foi a terceira banda inglesa no coração de muitas pessoas – atrás apenas de Beatles e Rolling Stones. Mesmo com a chegada de Deep Purple, Black Sabbath, Led Zeppelin e outros grupos, eles nunca perderam prestígio perante os críticos ou seus companheiros de profissão.

Dentre os discos mais importantes da banda, a trilogia formada por Tommy, Who’s Next e Quadrophenia definiu o estilo da ópera rock – subgênero do rock que é formado, basicamente, por um álbum conceitual com faixas mais longas divididas em atos. Após isso, a banda não fez muita coisa interessante e vem vivendo do que fez em seu auge.

Quase como todos que sobreviveram àquele período, o Who não conta com sua formação original. Em 2002, o baixista John Entwistle sofreu um infarto e morreu aos 57 anos. 34 anos antes, o baterista Keith Moon sofreu uma overdose após tomar 32 comprimidos para combater seu vício em álcool e foi encontrado sem vida na casa onde morava. Segundo alguns críticos, Moon foi o melhor baterista de rock do mundo. Pela força, velocidade e técnica, seu estilo ainda é muito copiado e reverenciado até os dias de hoje.

Por conta do papel fora da banda assumido por Daltrey e Townshend e de não lançar nada de interessante nos últimos anos, o final do Who já era algo esperado, faltando apenas saber como e onde será a última apresentação. Talvez, para os dois, seja melhor colocar ponto final nas atividades 50 anos depois do sucesso de “My Generation”, um dos grandes clássicos dos anos 1960.

Ultimamente, o mundo do showbiz tem vivido a era dos retornos. De Black Sabbath a Spice Girls, muita gente aproveitou essa onda para faturar alguma coisa em cima da vontade do público em ver seus ídolos. O Who poderia entrar nessa, gravar um disco meia-boca e faturar milhões em uma turnê com duas ou três canções do novo trabalho no setlist, com os clássicos sendo o ponto alto da noite.

Se for mesmo o fim, que seja com todas as honras que eles merecem. Acho muito digno eles acabarem justamente nesse período de retornos caça-níqueis e turnês gigantes. Obviamente, a carreira solo de cada um não representa um décimo do que foi o Who (vide a carreira solo de Robert Plant fora do Led Zeppelin. Tem discos muito bons, mas nunca chegou em um patamar realmente grandioso), mas sempre teremos os discos, livros, biografias (autorizadas ou não) e documentários para lembrar essa grande banda. 

Veja também: Reféns do sucesso
Discos para história: Quadrophenia, do Who (1973)
Discos para história: Their Satanic Majesties Request, dos Rolling Stones (1967)
RIP Lou Reed (1942 - 2013)
Livro: Dias de Luta – O Rock e o Brasil dos anos 80, de Ricardo Alexandre

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