Censura em detalhes


O projeto de lei sobre autorizar ou não biografias depessoas públicas segue parado após o recurso do deputado Marcos Rogério(PDT-RO). No início de abril, tudo estava encaminhado para ir ao Senado, pois a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara havia aprovado o documento sem alterá-lo. Com a interferência do parlamentar, a tramitação foi para o final da fila dos inúmeros textos que necessitam de revisão. Resumo da história: não há data para uma nova leitura, tampouco de uma possível aprovação.

Em seis meses desde o recurso, muitos artistas se juntaram com Paula Lavigne, ex-mulher de Caetano Veloso, para interferir na aprovação do Projeto de Lei 393/2011. Nomes como Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Djavan e Erasmo Carlos, fundadores do grupo Procure Saber, liderado por Lavigne, se manifestaram contra o texto. Eles contam com apoio de Roberto Carlos, grande nome da censura de livros nos últimos tempos.

Basicamente, esses cantores alegam que qualquer pessoa que deseja escrever sobre eles precisa de autorização prévia. Ou seja, desejam apenas que haja biografias autorizadas, em que cada vírgula e declaração são revisadas e modificadas de acordo com o interesse dos biografados.

Um ponto interessante alegado por Lavigne é que as editoras e autores lucrariam muito com esse tipo de registro. Só gostaria de saber se um autor ou editora ficou milionário com alguma publicação. Outra coisa que ela alega é que não há problema em escrever um livro, desde que coloquem na internet, e isso mostra que Lavigne está completamente desconectada da realidade atual.

Em 2013, qualquer pessoa pode fazer, basicamente, o que quiser na internet – é só ver a gama de preconceito, declarações de cunho racista e outras barbaridades que acontecem no Twitter e no Facebook, dois exemplos mais palpáveis. Uma informação falsa é rapidamente disseminada, sendo muito difícil sua retirada – hoje, é possível achar fotos, textos e vídeos que já foram retirados pela justiça. Com essa declaração, ela só piorou a situação e corre grande risco de ter uma inverdade publicada com livre acesso de todos na rede. Espero que ela arque com as consequências do que disse.

Esse movimento é censura, não existe outro nome para o que Paula Lavigne, Caetano Veloso, Chico Buarque, Milton Nascimento, Gilberto Gil, Djavan, Erasmo Carlos e Roberto Carlos estão fazendo. Caso haja uma informação falsa no livro, entrem na justiça, provem o que estão dizendo e tirem o livro de circulação. O problema é que essa classe artística garante votos e poder a muitos que estão lá, então não é difícil emperrar qualquer tipo de projeto que não é interessante a eles.

O deputado Alessandro Molon (PT/RJ), autores como Ruy Castro e inúmeros jornalistas já se manifestaram contra esse abuso que essa classe artística, que já conseguiu legislar em causa própria no caso da meia-entrada, e agora impede que a história não só deles, mas de períodos do Brasil, seja conhecida por quem não estava lá.

Lamentavelmente, prestigio e poder ainda dão o tom em terras tupiniquins. E parece que vai ser assim para sempre.

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