Resenha: Alice in Chains - The Devil Put Dinosaurs Here


Em 2002, o Alice in Chains perdeu seu carismático vocalista. Layne Staley foi mais um desses casos em que o vício em drogas superou o talento e gosto pela música. A banda perdeu um grande nome, mas não desistiu de retomar os trabalhos depois de quase uma década parada.

Após um show com William DuVall como vocalista, o que era apenas uma apresentação virou convite oficial. E esse convite virou o surpreendentemente bom Black Gives Way to Blue, de 2008. Três anos depois, no SWU, DuVall mostrou ali que poderia cumprir um bom papel como vocalista do Alice in Chains.

Quatro anos depois de um LP que gerou divisão entre os fãs, um grupo mais confiante e entrosado voltou ao estúdio para gravar The Devil Put Dinosaurs Here, segundo disco com o novo vocalista e quinto trabalho da banda em 23 anos. O novo álbum começa com “Hollow”, uma baita pedrada, mostrando todos muito afiados. Destaque para guitarra de Jerry Cantrell, melhor do que nunca.

“Pretty Done” tem toda uma influência do Black Sabbath, admitidamente uma das influências deles. Ao lado do Soundgarden, o AIC chegou muito perto do som feito por Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward. Já “Stone” conta com uma linha de baixo incrível de um início de um álbum muito promissor.

Sem o peso das primeiras canções, “Voices” traz um grupo mais pop na melodia, mas com uma letra pesada – característica do estilo de composição de Cantrell. A música título do LP traz o ar sombrio novamente, e pega pesado com a religião no refrão (The devil put dinosaurs here/ Jesus don't like a queer/ The devil put dinosaurs here/ No problem with faith just fear).

“Lab Monkey” mantém a pegada, mas aqui falta alguma coisa – talvez um pouco menos de técnica e mais alma –, caso semelhante ao de “Low Ceiling”. A próxima faixa, “Breath on a Window”, é uma das melhores, colocando todo potencial de DuVall para fora em um vocal mais suave e tranquilo, necessário para acompanhar esse novo grupo.

O tom baixo também está presente em “Scalpel”, a primeira balada em nove músicas, muito diferente de “Phantom Limb”, pesada ao extremo e, pelo tom da letra, fala de Layne Staley como um “membro fantasma” do AIC. E ainda tem o tom épico da faixa com mais de sete minutos. Por fim, “Hung on a Hook” e “Choke” encerram com músicas um pouco abaixo da maioria, mas isso não tira o resultado positivo da audição.

The Devil Put Dinosaurs Here é um trabalho bom e está dentro da expectativa de quem perdeu um compositor e cantor muito acima da média. Não, nunca mais teremos o velho AIC de volta. Staley morreu há mais de dez anos, e isso não vai mudar. Mas é interessante saber que todos estão interessados e focados em lançar coisas novas sem esquecer o que foi feito em um passado glorioso de sucesso e reconhecimento. No novo trabalho de uma banda com 25 anos de estrada pelo, vemos algo mais refinado e melhor tecnicamente do que antes, sinal de que a maturidade musical veio com a idade.

Não, William DuVall nunca representará Layne no palco ou nas gravações, porém é melhor ver alguém comprometido em não manchar o histórico de um importante grupo e acrescentando um novo tipo de vocal e uma dinâmica fora dos padrões, dando ânimo e vitalidade aos outros membros. Isso tudo é melhor do que muito cantor/banda caça-níquel por aí.

Tracklist:

1 – “Hollow”
2 – “Pretty Done”
3 – “Stone”
4 – “Voices”
5 – “The Devil Put Dinosaurs Here”
6 – “Lab Monkey”
7 – “Low Ceiling”
8 – “Breath on a Window”
9 – “Scalpel”
10 – “Phantom Limb”
11 – “Hung On a Hook”
12 – “Choke”

Nota: 3,5/5

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