O rock messiânico de Bruce Springsteen

Crédito da foto: Facebook/ Rock in Rio

Relutar em escrever um texto é uma das piores coisas que podem acontecer com quem gosta de escrever sobre determinado assunto. Por mais insistente que a ideia de não falar sobre o feito de Bruce Springsteen no Rock in Rio, fui vencido pela emoção do momento dos maiores de todos os tempos.

O que aconteceu no sábado na Cidade do Rock não foi apenas um show. Se o que ele faz é show, temos que arrumar outro adjetivo para descrever o que aconteceu nos quatro dias antes da subida de Bruce ao palco. Diferente de todos os outros, talvez menos o Metallica, o cantor e guitarrista exibe uma naturalidade incrível em cima do palco. Correr várias e várias vezes pelo palco, ir ao público, chamar fãs para subir no palco, enfim, tudo parece muito fácil para esse senhor de quase 64 anos. E é. Com 40 anos de carreira, ele sabe agradar quem veio de longe para vê-lo soltar clássico atrás de clássico.

Springsteen subiu no pedestal dos grandes da história do rock há muitos anos com suas letras contestadoras e emocionantes, mas ele mostra que continua sendo um dos nossos. Se existe alguém no rock que gera incrível identificação, este alguém é ‘The Boss’. Ele fala da crise econômica, fala de momentos de aflição da vida, fala sobre coisas comuns, coisas palpáveis para quem vive o cotidiano das 8h às 17h e contas a pagar. E como americano que é, ele sabe todos os defeitos e qualidades de seu povo, e transmite isso muito bem.

Não é difícil ver fãs o idolatrando pelo mundo – um exemplo disso é uma moça que completou a 99ª vez assistindo Bruce Springsteen. E, nos tempos atuais em que as entrevistas são muito ensaiadas e a música é cada vez mais descartável, esse senhor de meia idade traz um pouco de esperança com sua espontaneidade e carisma no palco.

Quem viu pela TV falou “em apresentação épica”, “melhor show do ano”, entre outros elogios. Quem foi na apresentação em São Paulo ou no Rock in Rio falou em “épico”, “fantástico” e “inesquecível”. E quem não conhecia garanto que foi no site pirata de sua preferência para baixar a incrível discografia de Springsteen que tem folk, gospel, country, blues e rock. Sim, ele foi capaz de ir se reinventando dentro da própria cultura musical americana. Por exemplo, no disco Born in the USA é possível encontrar tudo isso em um dos discos mais incríveis já feitos na música.

Não é difícil admirar Bruce por sua trajetória musical ou por seu envolvimento com a política, ou por suas atitudes fora do palco. Ele se envolve com os fãs, chama para cantar, abraça, beija, afaga. Se ele fosse político, seria desses que votaríamos apenas por isso, pela aproximação com o povo. ‘The Boss’ se rebaixa e fica no mesmo nível do público, algo muito difícil de ver nos dias atuais.

Caso você tenha um dinheiro sobrando, ou tem planos de viajar para o exterior, não perca a oportunidade de ver Bruce Springsteen no palco. É uma catarse única e imperdível para quem gosta de música e acredita que pode ter a vida mudada depois de uma apresentação como o encerramento do Palco Mundo no último sábado. Como disse antes, ele nunca vai te desapontar.

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